Renovador inquieto, soube dar à sua vasta obra um cunho de modernidade revolucionária no panorama artístico português, identificando-se muitas vezes como o "Rapaz da Corneta", que pintou como símbolo da mudança. Martins Correia nunca deixou de surpreender com as particularidades da sua linguagem plástica, caracterizada pela decantação formal e simplicidade conceptual, sempre a combinar com o vigor das cores primárias.
Moderna, pela inovação gráfica, e clássica pela harmonia das formas, são atributos de uma vasta obra de pintura e escultura em bronze, que mundo fora exalta os herois navegadores, pescadores do litoral português ou campinos do Ribatejo e nos delicia com um imaginário fértil, povoado por faunos e donzelas e por mulheres e cavalos correndo, livres, ao sabor do vento.
Do Brasil ao Japão, o estilo do Mestre é inconfundível e, entre nós, está imortalizado em várias estátuas espalhadas um pouco por todo o País, sendo os mais recentes marcos do seu génio criativo os paineis da Estação Picoas do Metropolitano de Lisboa e da Torre Vasco da Gama, no Parque das Nações, numa evocação patriota às Descobertas.
Antes destes "ex-libris" cedidos à cidade de Lisboa, muitos e grandes foram as dádivas a outros locais: as estátuas do Infante D. Henrique (Viseu); Luís de Camões e S. Francisco Xavier (Goa); Garcia da Horta (Instituto de Medicina Tropical de Lisboa); Bartolomeu de Gusmão (Aeroporto de Lisboa) e Amato Lusitano (Castelo Branco); Fernão Lopes (Biblioteca Nacional de Lisboa); D. Pedro V (Faculdade de Letras de Lisboa); Pio XII (Mosteiro dos Jerónimos); quatro Evangelistas (Catedral de Bissau).
A contrastar com a dispersão universalista da sua arte está o acervo do Museu Municipal Martins Correia, inaugurado, em 1982, na Golegã, por ocasião das comemorações dos 50 anos de vida artística do mestre, que doou àquela instituição, mais de cinco centenas de obras da sua autoria.
In Jornal "Correio da Manhã" de 31-07-1999
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